O artigo abaixo foi escrito por Verão Wang da Produtos Estruturados de Varejo (SRP) em abril 17, 2024.
A empresa fintech norte-americana está avançando para a terceira fase do seu plano de negócios na América Latina (Latam).
Os mercados brasileiro e mexicano ocuparam o centro das atenções na Luma Financial Technologies depois que a empresa assumiu a liderança no atendimento a investidores latino-americanos baseados nos EUA e investidores onshore em outros mercados latino-americanos.
Para a empresa fintech sediada em Ohio, sua terceira etapa para a América Latina começou com uma plataforma projetada para dimensionar o mercado de opções de câmbio flexível (Flex) (Mercado de Opções Flex), que é “o mercado de opções estruturadas não financiadas de rápido crescimento no Brasil”, segundo Fernando Concha Bambach (foto), chefe de vendas para América Latina na Luma.
“A ideia de internacionalizar a Luma foi semeada em 2020, a partir do Regulamento S, [que permite a venda offshore de notas estruturadas dos EUA]”, disse Concha Bambach à SRP.
No Brasil, a plataforma visa facilitar a distribuição para consultores e agilizar as operações para corretoras no espaço de opções Flex.
A mudança também foi impulsionada por ventos favoráveis regulatórios do Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no ano passado, que encerrou a exclusividade legal entre determinadas corretoras e seus grupos de assessoria financeira associados a partir de 1º de junho de 2023.
“Vimos isso como uma oportunidade de apresentar esta primeira plataforma de arquitetura aberta para opções Flex no Brasil”, disse Concha Bambach.
Com a presença de uma entidade local, a Luma construiu a plataforma em dois meses e meio antes de lançá-la em 9 de fevereiro.
O Morgan Stanley é o primeiro formador de mercado a bordo, enquanto outros dois estão em processo, de acordo com Concha Bambach, ex-estruturadora e de vendas do Banco Santander.
Lançadas em 1993 pela Cboe Options Exchange, as opções Flex são personalizáveis em todas as classes de ativos em um ambiente de balcão (OTC). No Brasil, são negociados no Brasil, Bolsa, Balcão troca (B3)
A bolsa paulista reportou volume negociado de R$ 250 bilhões (US$ 48 bilhões) em opções Flex em 2023. Aproximadamente R$ 106 bilhões vieram de opções Flex sobre ações, garantidas pela B3, contraparte central (CCP), um aumento de 24% em relação a 2022. Os subjacentes às commodities contribuíram com BRL31 bilhões.
Os investidores variam entre bancos privados nacionais de varejo, gestores de ativos independentes e investidores institucionais, de acordo com Concha Bambach.
Destaques da plataforma
A plataforma Luma oferece fornecimento direto de produtos com o objetivo de otimizar a distribuição, as vendas e as interações com os clientes.
“Os consultores podem enviar produtos diretamente aos clientes finais com termos de compromisso, justificativa de investimento e gráficos de retorno”, disse Concha Bambach. “Eles podem acessar todas as suas posições de marcação a mercado na plataforma e solicitar uma reversão, se desejarem.”
Existem atualmente aproximadamente 25,000 opções Flex em ações individuais disponíveis na plataforma em 24 pagamentos, incluindo knock-out, knock-in, bidirecional, colarinho, cerca, desconto, spread e straddle. Os mais negociados até o momento são nocaute para frente, call ratio e knock-in de colarinho.
Mais de 60 consultores financeiros passaram a utilizar a plataforma, metade dos quais a acessa diariamente, enquanto quatro corretoras estão a bordo.
“A plataforma também calcula automaticamente os deltas de milhares de negociações de opções, para que as corretoras possam proteger adequadamente as posições em nome dos formadores de mercado”, disse Concha Bambach, sem divulgar o volume negociado existente.
Além disso, as opções Flex no Brasil têm sido tradicionalmente liquidadas em D+1, no dia útil seguinte à negociação, mas este ano houve uma pressão da CVM para liquidação no mesmo dia.
“Nossa plataforma permite que as corretoras preencham o cadastro da B3 automaticamente e, portanto, cumpram a liquidação T=0”, disse.
Anteriormente, as corretoras precisavam calcular manualmente cada perna de opção de uma estratégia negociada na B3, o que era altamente sujeito a erros humanos e acabava sendo “um fardo operacional insuportável”, acrescentou Concha Bambach.
Em termos de modelo de taxas, os formadores de mercado pagarão uma porcentagem de seu nocional negociado como taxa única no final do mês, o que também é aplicável a emissores de notas estruturadas na empresa fintech focada em consultores.
A Luma fez parceria com um grupo de 30 emissores, dos quais 23 emitem notas registradas na SEC ou 3(a)(2) estruturadas atendendo ao mercado dos EUA. As notas estruturadas ao abrigo do Regulamento S e os certificados de depósitos ligados ao mercado (MLCD) são oferecidos por 25 e nove dos emitentes, respetivamente.
Pós-lançamento
Concha Bambach e sua equipe esperam incorporar mais recompensas e funções à sua plataforma de opções Flex, incluindo verificação de adequação, solicitação de cotação (RFQ) e gerenciamento do ciclo de vida, que já estão disponíveis para notas estruturadas nos EUA.
Além disso, o volume reportado pela B3 reflete uma “enorme demanda” por commodities, uma classe de ativos que a Luma espera agregar ao patrimônio em sua plataforma de arquitetura aberta.
“Também temos observado o espaço de notas estruturadas no Brasil, conhecido localmente como certificados de operações estruturadas (COEs), que é menor que o mercado de opções Flex e atualmente está focado em repacks de títulos, que são como uma espécie de títulos conversíveis reversos”, disse Concha Bambach.